terça-feira, 27 de julho de 2010

Eu versus Japoneses no Brasil


Não passei na seleção do Monbukagakusho, mas já me inscrevi na bolsa da Nippon Zaidan e estou me inscrevendo numa bolsa de associação de província. No caso, de Shimane-ken, onde meu pai nasceu.

Por pouco mandei tudo para as cucuias, passei raiva com esses japas. Cheguei a bradar "Se o povinho de lá for igual ao daqui, nem quero ir mais!".

Os japoneses realmente são corporativistas. Eles sempre darão a preferência para os conterrâneos, de preferência 100% japonês. Mas para os mais velhos, mestiço tem que provar que os 50% da raça valem a pena. Ainda bem que nos outro 50% brasileiro veio a persistência (que às vezes se confunde com a teimosia).

Passei 40 minutos em pé na sala de estar, sequer fui convidada para sentar, ouvindo uma professora de japonês e sua mãe, que sequer falava português depois de tanto tempo no Brasil, dizendo que eu não conseguiria a bolsa de estudos pela província porque não tinha idioma suficiente, que eu iria sofrer muito no Japão, que era muito difícil porque eu não iria conseguir preencher os relatórios, que não iria passar na seleção porque tinha exame oral e escrito e, principalmente, porque não tinham tempo para preencher a ficha de inscrição em japonês para mim.

Fiquei pensando no tanto que já sofri desde os 16 anos, sem pai nem mãe, tendo que trabalhar, estudar e ainda cuidar das minhas irmãs. Lembrei das diferenças culturais de cada Estado em que vivi, um em cada região do Brasil. Isso vai ser fichinha! E eu adoro peixe cru.

Indignada, liguei para a associação de província, expliquei a situação, argumentei porque daria certo se eu conseguisse a bolsa. Resultado, tenho hospedagem grátis quando quiser ir à SP e ainda obtive a informação que o exame é feito pelo governo do País através da seleção de currículo. Ou seja, nada de prova oral ou escrita, só preciso ser descendente da província. Eles me deram total apoio.

E o melhor, só tem eu e mais um concorrendo para a mesma vaga! E ele sabe japonês tanto quanto eu!!!

Munida das informações, achei outra professora disposta a me ajudar a preencher a ficha de inscrição. Eu tenho que ir ao Japão conferir se o povo de lá é como os daqui, apesar de saber bem que gente desse jeito tem em qualquer lugar do mundo.

Aí vou eu, de novo!

Teimo!

Se o Lula chegou à Presidência da República teimando porque eu não chego ao Japão?



Obs: na foto, o Castelo de Matsue, na capital de Shimane.

Um comentário:

Suely disse...

Me acabei de rir!!!
Realmente é inacreditável uma pessoa morar tanto tempo no Brasil e ainda não saber falar português, tsc, tsc... Com essa dificuldade em aprender uma língua, ainda quer ensinar???Huahuahau...
Não desista, mesmo que não oferecerem nem uma cadeira pra você se sentar... Torço por você!