domingo, 27 de dezembro de 2009

Japonês na Bahia

Minha prima japonesa e seu namorado-quase-noivo estão visitando a Bahia pela primeira vez, vieram do Paraná. Então leveio-os para a feira da cidade para conhecerem e degustarem todas as coisas típicas in natura da região. Coisas que eles nunca ouviram falar: umbu, pequi, pinha, buriti, siriguela, pitomba... Frutas com sabor exótico ou que lembram alguma outra já conhecida. Claro que eles estranharam o sabor de tudo.

Bem, na Bahia não pode faltar a fruta agreste mais popular de todas, o COCO. Muito popular, os olhos puxados saltaram com alegria ao reconhecer, enfim, algo saboroso.

Prima:
- Olha, coco! Quanto custa?

Vendedor 1:
-R$1,00.

Prima:
-Nossa que barato, na praia custa R$3,00. Mas, olha, ali tem uns maiores.

Menos de 3 metros de distância depois.

Prima:
-Quanto está o coco?

Vendedor 2:
-R$0,50

Volto lá no primeiro vendedor, a pedido de uma prima desconfiada, e pergunto o preço para desencargo de consciência. Ele me diz:

-R$ 0,50

A fama de japonês por aqui é de quem tem muito dinheiro. Por via das dúvidas, nós, os locais, vamos na frente e para perguntar.

Mas, às vezes a falta do sotaque (ou excesso) na hora de falar pode confundir os ouvidos, ainda mais com coisas que não são muito comuns no dia-a-dia do baiano do interior.


- Oi, vocês têm champignon?

-Hã?

-Champingon.

-Bolacha Champagne?

-Não, cogumelos.

-O quê?

-Cogumelos! (fazendo gestos com as mãos)

-Ah, tem não.

-E Toddy?

-Fia, olha lá no fundo!

Alguns minutos depois, a moça volta:

-Tem Nescau.

-Ah, tá. Obrigada.

Cinco mercadinhos depois, nos rendemos ao palmito e Nescau e voltamos para casa. Mas, acredito que os convecerei a entrar no cardápio baiano. Nem passamos ainda pelo acarajé, vatapá, mocotó, buchada...

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

No aconchego do Natal


Consegui chegar a tempo de pegar a ceia de Natal em Barreiras (BA) e confraternizar com minha família. Que alívio! Passar as festas de fim de ano sozinha em Brasília seria depressivo. Mas terei que voltar para Brasília para trabalhar na terça-feira, 29; um imprevisto no meio do meu recesso de trabalho; e ainda voltar a tempo de passar o reveillon na Bahia. Maratona!

Tudo pela família. Neste ano senti falta dela demais. Ainda mais com os sobrinhos crescendo e os priminhos japoneses nascendo. A casa está cheia de crianças e não há final de ano mais gostoso sem esses pequeninos por perto. É interessante vê-los crescendo e descobrindo o mundo.

Descobri que crianças têm medo do mundo. Na verdade, de ficar sozinhas no mundo. E quando se tornam adultos, continuam com medo da solidão.

Acabei de levantar e o Henrique, dois anos, acordou chorando porque estava sozinho, não viu o pai nem a mãe por perto (tia que mora longe não é parente até ele ter uns 5 anos). Eu o compreendo. Uma vez dormi no sofá no meio da tarde e quando acordei, meus pais e irmãs não estavam na casa. Achei que o mundo tinha acabado e só restara eu. A primeira coisa que pensei é se o estoque de bolachas na despensa seria suficiente para eu viver e fiquei com medo de pôr a cara para fora e descobrir um mundo desolado por alguma bomba atômica. Felizmente minha mãe voltou logo, me encontrou com uma cara emburrada (eu tinha sido abandonada), mas logo passou porque estar com eles é confortante.

Bem, a mãe do Henrique estava a uns 5 mts do quarto, logo ali, na sala. Mas essa historinha demonstra bem o sentimento de conforto e proteção que sentimos ao estar perto da família.

Feliz Natal!