terça-feira, 14 de abril de 2009

Alguém aí achou R$100???

De ontem para hoje, perdi R$100. Perdi não. Joguei no lixo. Literalmente.

Estou arrasada!

Saquei a grana para pagar um boleto atrasado, tudo por causa do feriadão. Viajei e me lasquei. A fila no banco estava enorme na quarta-feira passada, deixei para pagar nesta segunda-feira. Mas, depois de ter sacado o dinheiro, olhei a caixa dos correios e lá estava um lindo boleto atualizado, pronto para pagar no caixa eletrônico do Banco do Brasil.

Guardei o dinheiro junto com o boleto antigo e fui pagar as contas no banco. Mas, antes, joguei o boleto antigo fora COM O DINHEIRO DENTRO!!!

Pior que só percebi no supermercado à noite. Fiquei na dúvida se tinha deixado em casa ou perdido mesmo. Em casa, fucei tudo e nada. Cheguei ao cúmulo de ir ao trabalho no dia seguinte, logo cedo, para olhar o lixo, mas o lixeiro já havia passado.

Claro que não vou colocar a culpa em mim. A culpa é do São Longuinho! Achei que tinha esquecido o carregador do celular em Goiânia (GO), a 200 km de Brasília (DF), então prometi à ele três pulinhos como manda a tradição. Afinal, ficar sem celular é depender que o mundo tenha internet e nem todos têm. São Longuinho me cobrou os três pulinhos mais R$100. Nesses tempos modernos, até os santos cobram ônus por serviço prestado.

Já passei do estágio de desespero, indignação e ódio mortal. Agora me conformei. Só espero que um catador de lixo encontre o dinheiro e faça um bom proveito, tipo, comprar uma linda cesta básica e uma garrafa de cachaça porque pobre também precisa ter um pouco de alegria.

Não gostaria de saber que aquela notinha de R$50, mais duas de R$20 e uma de R$10 foram trituradas ou soterradas com o chorume da população brasiliense... Tanta gente precisando. Ainda mais eu!!!

domingo, 12 de abril de 2009

Em busca do Coelhinho da Páscoa


Passei o feriadão da Semana Santa procurando o Coelhinho da Páscoa em Goiânia (GO).

Carregada a tiracolo por uma amiga e sua família, fiquei hospedada numa casa com mais seis mulheres e duas crianças. Se o Coelhinho estivesse lá, era em forma de calcinha, vestidos, maquiagem, sapatos e DVD's.

Logo no primeiro dia, caí das escadas ao sair de casa. Um amigo, meu terapeuta holístico online, resolveu me levar para curtir uma quinta-feira cultural no Teatro Martim Cererê. Quando o interfone tocou e fui sair, enrosquei um salto numa cadeira na área, escorreguei no tapete e capotei três degraus abaixo.

Caí logo no início da escada, o celular foi parar no portão e a carteira, no meio do caminho. Juntaram as mulheres e mais um casal que estava visitando a casa, me carregaram para o banheiro para lavar o ralado do cotovelo e fazer curativo. Só que esqueceram meu amigo lá fora, com outra pessoa, me esperando.

- Por que será que ela está demorando?

-Ah, sei lá. Ela é meio desastrada, pode ter acontecido algo...

Se o Coelhinho da Páscoa estivesse com meu amigo, ele estaria me esperando na área com a pata estendida para me derrubar. Coelho safado...

Joelhos roxos, no dia seguinte ficamos em casa assistindo filme de terror. O filme espanhol Rec dos diretores Paco Plaza e Jaume Balagueró. Uma a uma, as meninas foram abandonando a sala. Restaram eu e mais duas resistentes. Eu, com um travesseiro, só lia a legenda e me escondia no meio dele. Terminou o filme, elas foram dormir juntas. E eu tive que ler duas revistas Caras para esquecer as cenas violentas e tentar ignorar o Shaik, um enorme Rottweiler, que ronca alto, embaixo da janela. É, o Coelhinho não usa roupas de griffe e nem frequenta festas vips da Caras.

Sábado de Aleluia! Piscina, sol, protetor solar nos ralados, mais filminhos e uma festa Anos 80! As meninas, avessas a programas alternativos, foram para Sedna Lounge. A boite estava lotada e tiveram que voltar para casa.

Eu catei sapato de uma, vestido de outra e cintão e me diverti até às 3h. Quando me olhei no espelho, pensei que estava olhando para minha mãe na década de 80! A festinha estava ótima, conheci um Mike Jackson, uma Madonna e um Cazuza. Ao som de Barão Vermelho, Xuxa, A-Ha etc, com uma decoração do vídeo game Atari, me diverti pacas. Dava para perceber claramente quem era daquela época. Os que sabiam todas as letras e cantavam mais animados tinham 30. O que se metiam em rodinhas, tinham 20. Mas, o Coelhinho não fumava maconha, não jogava arcade e nem dançava passinho combinado.

Então chegou o domingo, fui à feirinha do Cerrado, comi uma tapioca com carne seca com meu terapeuta-holístico-online-secular e voltei para casa. Minha amiga foi assaltada a caminho da feira hippie e levaram o celular. É, o Coelhinho da Páscoa não frequenta feiras também. Mas, passou rapidamente pela casa, pois entupiu as crianças de chocolate.

Cansada de buscar o bichano de olhos vermelhos e pêlos branquinhos, voltamos para Brasília debaixo de um pé da água (chuva) e um baita congestionamento. Mal sabia eu que o Coelhinho estava o tempo todo me esperando em Brasília (DF). Ao chegar em casa, que alegria!

Minha mãe veio de Barreiras (BA) passar uma semana comigo! Obrigada, Coelhinho da Páscoa!!!Mas, cadê mesmo meu chocolate?

sábado, 4 de abril de 2009

Um grande beijo

O Beijo, do escultor Auguste Rodin

Quando eu era criança, tentava imaginar como seria o beijo. Entender porque adultos colavam os lábios e trocavam saliva. Até então, achava isso nojento.

O beijo de língua era uma incógnita. O mesmo que imaginar a primeira transa, um parto ou a morte. Uma curiosidade que tentava sanar na literatura, em capítulos científicos e em revistas pré-adolescentes. E mesmo com todas as informações, não havia nada mais substancioso além da poesia que pudesse descrever a sensação de ser beijada.



"Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito"

Pablo Neruda, poeta chileno


No beijo dos esquimós, no Ártico, esfrega-se o nariz. Em Bali, na Indonésia, sente-se o cheiro da pele. Mas, para nós, latinos-americanos, um beijo é o grande encontro das bocas em demonstração de afeto.

Um selinho, por exemplo, é intimidade e respeito. Um beijo amoroso é carinho e proteção. Um beijo sexual é ansioso pelo ato. Mas, nada se compara a um beijo de saudades.


O beijo, do pintor Gustav Klint

Ah, como é bom ser beijada com saudades... Um beijo saudoso é magnífico! São lábios macios e molhados cobrindo um ao outro num grande abraço. Um beijo ansioso e contido, cheio de afeto e paixão, se fundindo em sabor e calor. O corpo todo concentrado nesse momento; mesmo de mãos dadas e rostos colados, é na boca que há o verdadeiro encontro.

Com ele vem o cheiro da saudade. Um suor frio junto com o perfume predileto e hálito de desejo. Quem nunca se excitou com o hálito perfumado de outrém?

O olhar da saudade é brilhante e intenso, um revival de sentimentos guardados. Então o beijo é indubitavelmente melhor porque vem carregado de sensaçoes extra-sensoriais. Enquanto beijamos, os sentidos se aguçam. Tocamos a pele e cabelos para ver se continuam macios, apreciamos os detalhes do rosto para ver se ali há indícios de maturidade, sentimos as mãos numa busca de indícios de sofrimento e beijamos toda a face demonstrando o afeto guardado.

Nem na despedia, o beijo é tão caloroso quanto no reencontro.