Toc, toc, toc, toc, toc... Toc, toc.
Hoje acordei às 4h da madrugada com a vizinha do andar de cima chegando da balada de salto alto.
Eu sei que horas ela chega, que horas sai, quando ela está namorando ou quando ela está de caso. Tudo pelos barulhos dos pés que vem do andar de cima. Sobre sexo falo mais abaixo.
Quando o namorado dormia lá, ele acordava às 7h (e pisava pesado), fazia a barba (batia o barbeador na pia), não tomava café (o som da pisada ia do quarto direto para a porta de saída) e ia para o trabalho. Dei graças aos céus quando eles terminaram, ganhei uns meses de sossego.
Todo dia, ela calça um tamanco, chega na porta, lembra que esqueceu algo e volta para pegar no quarto. Toc-toc-toc. Quando chega muito cansada (dá até para saber o humor), senta na cama, tira o sapato e joga no chão. Tom! Tom!
Já reclamei na portaria timidamente:
-Olha, por favor, não quero incomodar, mas talvez a moça do andar de cima nunca tenha morado em apartamento, então peça-a para tirar o salto alto quando chegar em casa, pois tem me acordado todos os dias.
Melhorou, mas continua. Ainda mais que agora ela está saindo com alguém de novo.
Nós temos um sério problema de sacada no prédio. À noite, no silêncio da escuridão, se a sacada estiver aberta, dá para ouvir tudo o que se fala nos apartamentos. E a luz acesa, se destacando na noite, denuncia o andar. Eventualmente acordo com os gemidos (alguns sussurrados, outros esganados) de algum vizinho. Dá vontade de gritar:
-Goza logo, pelo Amor de Deus!
Mas, compreensivamente, fecho a sacada. O vizinho ao lado liga a tv no volume alto. Um ou outro acende a luz e vai para a sacada tentar descobrir quem é o autor da performance. Mas ninguém grita nada pornográfico. Ah, isso não. Acho que todos entendem que o(a) filho(a) de Deus também merece dar uma de vez em quando, afinal ninguém aqui é santo.
Certa vez, nem fechando a sacada houve sossego. O casal resolveu conversar depois do sexo. O que considero muito bom, saudável; mas não com a sacada aberta! Dava para ouvir todo aquele diálogo íntimo. Fui até a portaria:
-Por favor, avise a moça do andar de cima que dá para ouvir TUDO lá de baixo. Ela vai entender o que estou dizendo.
Eu nunca me apresentei à essa vizinha, mas já a conheço de vista. Deduzi. A reconheci no elevador quando subimos um andar e uma moça baixinha entrou. Dei uma olhada nos pés: tamancos. Quando chegamos no térreo, esperei ela sair. Incrível! Reconheci a cadência daquele "toc-toc-toc".
Ouvi vários relatos de como pessoas resolveram esses pequenos problemas em apartamentos.
Um amiga já comprou pantufas e largou na porta da mulher para ver se ela se tocava. Não funcionou, ela não entendeu o recado.
Um amigo usa o cabo da vassoura e dá umas cutucadas no teto ou uns murros na parede. Às vezes funciona, mas o vizinho retribui na mesma moeda.
Alguns já foram pessoalmente na porta do vizinho reclamar; uns foram bem recebidos, outros, não.
Já teve gente que reclamou ao policial que mora no mesmo prédio (como se ele tivesse autoridade dentro do apartamento dos outros), ao porteiro, ao síndico, à mãe, à amiga e aos outros vizinhos. Mas, nunca conseguiu reunir um levante.
Pena que o uso de salto alto não está explícito nas Regras do Condômínio. Mas, depois disso, eu calço e descalço sapato na porta de casa. E ouvi falar de moradoras deste prédio que até tiram o sapato na portaria quando chegam depois das 22h.
É uma questão de bom senso e querer preservar a intimidade.
Chato todo mundo ficar sabendo o que se faz, não?