segunda-feira, 19 de março de 2012

Mudanças


Estou para falar disso há tempos. Mais precisamente há três meses que foi quando mudei algumas coisas na minha vida. Principalmente mudei meu foco, agora estou concentrada mais em mim, mais preocupada em resolver meus conflitos internos e ser mais feliz comigo (porque com os outros está cada vez mais difícil).

Desisti do Japão, mas continuo estudando o idioma e tenho teste de proficiência no fim do ano. Estou no meio de uma pós-graduação e enfim, após alguns meses, me enturmei com uma garotas animadas da minha sala. Toda quinta-feira, após a aula, saímos para beber e conversar. Estou me abrindo para conhecer novas pessoas, ampliar meus horizontes, viajar mais (cadê a maionese?).

Comecei assim: mudei de apartamento, iniciei terapia com um psicólogo, adotei uma gata abandonada, tentei arrumar um namorado... Bem, o namorado não deu certo. Mas, o resto vai indo bem.

Mudar de apartamento foi maravilhoso. Percebi que estava acomodada no lar anterior e o fato da proprietária querer reajustar o aluguel defasado me proporcionou alugar um bem melhor com direito a piscina de 20mt, sauna, academia, plaground, salão de festa, espaço gourmet, churrasqueira e mais um monte de coisas que não vou usar, por só um pouquinho a mais do que o anterior. O condomínio não é muito caro, então compensa.

Prometi-me nadar sempre, mas acho que fiz isso umas 4 vezes apenas. Pela sacada vejo alguns solitários nadadores como eu, de touca e óculos de natação, se exercitando. Odeio piscina cheia de gente, principalmente de crianças, então fico esperando abrir uma brecha no horário para bater perna na água.

Estou bem localizada, ao lado do metrô, entre padaria, supermercado, farmácias, bares e restaurantes. Houve um final de semana em que eu e uma amiga resolvemos rodar os barzinhos da esquina. Perto o suficiente para ir de salto alto a pé. Acabamos na danceteria (sim, fica na esquina de casa) e voltamos para casa às 4h da madrugada. No dia seguinte, quase na hora do almoço, descemos para tomar o café da manhã na padaria. A maioria dos que vimos na night estavam por lá com a mesma cara de ressaca e óculos escuros como nós. Me senti uma verdadeira mulher de 30.

Estou ficando preocupada com isso. Quando adotei a Esmeralda, a gata, um amigo aproveitou para zoar com a minha cara "Você está se tornando uma tia velha cheia de bichos". Olhei para os lados e vi um monte de pessoas (homens e mulheres), na faixa dos 50 anos, solteiras, sem filhos, sem namorados, umas bem resolvidas, outras nem tanto.

Mas, está f***. Adoro morar só, ter meu espaço, meu cantinho, andar nua pela casa, comer na hora em que eu quiser, deitar e ler um livro até o fim numa única lapada de 400 páginas sem interrupção... Porém, falta alguém com afinidades para eu dividir meu espaço. Estou carente e isso é uma m****. Não existe sexo sem compromisso que supra essa necessidade de afeto feminino.

Mesmo que eu consiga encarar isso, supere isso na terapia, sempre vou achar que falta uma metade de mim que anda por aí sem saber que eu existo. Nesta quarta-feira, 21, faço 2 elevado a 5 anos e me falaram que daqui há 3 anos eu vou pirar, me agarrar ao primeiro pau que descer o rio boiando, num ato de desespero. Senão, a outra alternativa é me tornar uma jornalista solteirona cheia de gatos, cachorros, cobras, sapos e lagartos. Com certeza vou ser uma pessoa bem menos tolerante.

Cheguei a perguntar para minha terapeuta se isso é da cidade ou da idade. Ela disse que é da idade, vamos ficando mais rabugentos com o tempo. Mais, racionais, separando bem as coisas. Vejo meus amigos da mesma faixa etária fazendo classificações cada vez mais egocêntricas: mulheres para namorar, mulheres para casar, mulheres para transar e mulheres apenas para amizade (sem cor). Se algumas delas demonstrar carência, eles somem rapidinho. Ainda bem que ainda existem os amigos gay (toda mulher merece ter um amigo gay).

Que mundo é esse em que estamos vivendo? Só tenho visto gente solitária e excêntrica nessa cidade. E pior, estou a meio caminho de me tornar um deles.

Um comentário:

Metamorfose Ambulante disse...

Belo texto!! Pela data de hoje, você já completou os 2 a quinta. Parabéns!! Não desanime, há muitas "metades" de você por aí, é só procurar com calma. Mas elas não são indispensáveis à felicidade. Ao contrário do que diz a canção, dá para ser feliz sozinha.