sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Hinoki-Ya: 100 anos da Imigração Japonesa no Brasil
É estranho falar de uma cultura quando não se sabe ao certo o quanto ela faz parte de você. Metade de mim é brasileira e a outra não. Mas não sei exatamente definir quais partes estão em quê. Costumo dizer às pessoas que esperam certas reações japonesas de mim, que aquilo ficou justamente nos 50% da raça que me falta. Mas me surpreendo quando observo um oriental e percebo que realmente que tenho algumas reações nipônicas, inevitavelmente, genéticas.
A voz levemente nasalada e estridente, o tom seco, os gestos contidos ou o andar meio quadrado e, às vezes, desengonçado. O cabelo liso de fios grossos que ficam espetados quando curtos ou escorridos quando repicados. A marcante falta de ritmo musical, a neurose em cumprir regras e avisos, a necessidade de ordem mesmo na assimetria. Devo ser uma das poucas pessoas no mundo que lêem mural e manual de instrução.
Os japoneses são tão peculiares que me faz acreditar que J. R. Tolkien se inspirou neles para criar os Hobbits em sua ficção literária. O hábito de trocar presentes e de guardar coisas velhas, as superstições mais absurdas, a obstinação em certas ações etc.
Mas meu cabelo mestiço tem fios que não se misturam, finos e grossos. Meu corpo tem curvas que as japonesas não têm, mas não são comparáveis às das brasileiras. Ser mestiço é complicado, é como ser um cão vira-lata, tem uns que prestam e outros que não, mas sempre tem alguém que gosta. Aqui, no Brasil, eu sou japonesa. Lá, no Japão, eu sou brasileira. Sorte minha esse país tropical ser racialmente diversificado.
Meu pai veio para o Brasil com oito anos, em 1961, num navio cujo não sei o nome. Caçula de três filhos, costuma dizer “Eu não vim, me trouxeram”. Meus avôs, tios e o otousan (pai) desembarcaram, como todos os demais, em Santos (SP) e foram trabalhar nas lavouras de café do interior de São Paulo. “Os negros tinham força para o trabalho braçal e comiam comida que os sustentavam no trabalho: milho, arroz e feijão. Nós, japoneses, tínhamos habilidade para mexer com coisas pequenas, delicadas, e comíamos arroz, peixe e chá. Não tínhamos força para a enxada, então começamos a plantar hortaliças”, me contou.
Sei lá como meu avô conseguiu comprar uns hectares de terra no norte do Paraná, mas a família foi trabalhar no campo plantando hortaliças para abastecer supermercados e feiras da região. E foi assim que meu pai conheceu minha mãe, brasileiríssima. E assim eu nasci. E a casa encheu de gente para ver que bicho tinha dado porque japoneses não costumavam se misturar com outras raças.
Quando assisto uma manifestação cultural dos meus ancestrais nihondins (japoneses), é como se estivesse resgatando algo enterrado não tão fundo, mas nem tão raso. E fico me perguntando, “isso faz mesmo parte de mim?”. Deparar-me inesperadamente com um japonês é sempre um susto, como se eu desse de cara com um espelho (e não é pela semelhança). A reação deve ser a mesma do outro lado porque japoneses mesmo quando não se conhecem, cumprimentam-se.
Fui educada até os quatro anos em um sistema japonês com minha obatchan (avó) e ela nem falava português. Mudar para o Estado da Bahia com meus pais na década de 80, quando os Campos Gerais do oeste baiano estavam sendo colonizados pelos sulistas, foi um enorme choque cultural. Além de sermos (eu e minhas irmãs) as únicas japonesinhas da escola, da rua e do bairro, havia palavras que só conhecíamos no idioma natal. Para agravar, puxávamos o R como os sulistas (imagine alguém falando japonês com sotaque do sul) e tínhamos hábitos diferentes dos baianos.
De repente, os outros não eram mais gaijins (não-japoneses), nós é que não éramos (intereiramente) brasileiros. A curiosidade era recíproca. Aprender a respeitar as diferenças e se adaptar a novas culturas foi nossa primeira lição.
Estudei nos hihongakos (escola de japonês) das associações Nipo-Brasileiras das cidades onde morei. Enquanto eu não conseguia pronunciar o hiroganá “tsu”, minha sensei (professora) não conseguia dizer as sílabas “tu”, “lá”, “fá” etc. E eu me sentia ridícula no final do ano por ter que cantar aquelas musiquinhas japonesas, que todos os brasileiros acham engraçadinhas, mas que hoje até me emocionam.
Quando a banda Hinoki-Ya se apresentou nessa noite, misturando música folclórica japonesa com ritmos de outros países (como comentou um amigo “nunca tinha visto japonês hippie”), enfim notei um Japão pós-guerra mais próximo do que o Japão tradicional que meus avôs preservaram enquanto puderam. O Japão tradicional por aqui ainda é tão sólido que o parco idioma que aprendi na infância já virou dialeto lá. Os isseis (japoneses emigrantes) mantêm a tradição de 50 anos atrás.
Mas, é engraçado observar como as culturas vão se integrando, seja na culinária (meu pai até come cheiro-verde, mas com shoyu) ou numa música israelita (com kimono na foto).
Hinoki é uma árvore japonesa, uma espécie de cipreste, comumente utilizada no bonsai. A banda Hinoki-ya me faz crer que os japoneses são como o bonsai, uma árvore que se adapta ao molde de arames e cordas, mas sempre manterá sua raiz, até mesmo por questões biológicas. Crie um japonês em outra cultura, não adianta, há reações que são tipicamente da raça e não há como retirá-las do código genético (por enquanto).
Ps: Praticamente no final do ano comerativo da Imigração Japonesa ao Brasil, resolvi falar sobre o assunto. Antes tarde do que nunca.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Perfumes III – Que tipo de perfume combina com você?
Papel e caneta em mãos, vamos aos testes!
Meninas, façam suas escolhas abaixo.
Meninos, tenham paciência e desçam a página.
MULHERES
1 - Clima perfeito:
- Céu azul
- Calor tropical
- Dia frio
- Chuvoso
- Manhã de outono
2 - Fruta que dá água na boca:
- Tangerina fresca
- Morangos graúdos
- Pêssego suculento
- Uvas tenras
- Cerejas maduras
3 - Não pode faltar no café da manhã:
- Granola e cereais
- Bolos e doces
- Chá ou café
- Leite e frutas
- Pães
4 - A bebida ideal para uma comemoração à dois:
- Coquetel
- Champagne
- Vinho branco
- Licor ou Whisky
- Vinho tinto
5 - O destino da viagem dos seus sonhos é:
- Praia paradisíaca
- Algum país exótico do Oriente
- SPA, campo ou retiro espiritual
- Algum roteiro na Europa
- Um hotel luxuoso nos Emirados Árabes
6 - O tecido que mais lhe agrada é:
- Algodão confortável
- Veludo macio
- Lã aconchegante
- Seda feminina
- Jeans casual
7 - Não abre mão de usar perfume:
- No início do dia
- Em encontros especiais
- Finais de semana
- Todos os dias
- Para sair à noite
8 - Uma extravagância merecida:
- O último lançamento tecnológico
- Uma lingerie sedutora
- A jóia requintada
- Um sapato ma-ra-vi-lho-so
- O merecido dia no SPA
9 – Um animal de estimação:
- Peixe
- Cavalo
- Gato
- Cão
- Animal exótico
10 – A noite perfeita é:
- Festa para curtir os amigos
- Balada para paquerar
- Restaurante fino
- Passeio romântico
- Evento social
Resultado: Some a quantidade de letras marcadas.
Perfumes cítricos, florais verdes e unissex.
B – SEDUTORA
Orientais, chipre e especiarias.
C – CLÁSSICA
Florais.
D – ROMÂNTICA
Florais e frutais.
E - GLAMOUROSA
Orientais adocicados.
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HOMENS
Não levem a mal, mas às vezes vocês precisam de explicações para um teste tão subjetivo...
1 - Qual estilo retrata mais o seu gosto?
- Sóbrio e formal
- Elegante casual
- Na moda
- Informal
2 – Qual esporte lhe atrai?
- Golf ou xadrez
- Tênis, beiseball, ping pong ou squash
- Esportes radicais
- Esportes aquáticos
3 – A comida que mais aprecia (sem contar a da mamãe):
- Pratos requintados
- Cozinha italiana (massas, pães e muito tomate)
- Comidas exóticas (algo tipo testículos de boi, escorpião frito, comida tailandesa etc)
- Saladas, fritas e coisinhas saudáveis
4 – Lugar ideal para passar as férias:
- Um lugar aconchegante (Europa, chalé, casa da família etc)
- Praia paradisíaca ou qualquer outro agito
- Ásia ou Oriente Médio
- Local inusitado (montanha, trilha, Austrália, Nova Zelândia)
5 – Sua casa ideal é no estilo:
- Apartamento duplex High Tech
- Casarão clássico ou histórico
- Uma mistura de vários estilos e peças
- Loft informal e casual
6 – Você curte mais:
- Carro conversível ou sedam
- Pickup ou carro utilitário
- Moto
- Carro esportivo
7 – Drink preferido:
- Whisky
- Cerveja
- Vinho ou conhaque
- Vodka
8 – No cinema, o filme tem que ser:
- Histórico ou bibliográfico
- Aventura, ação ou policial
- Ficção científica
- Terror ou suspense
9 – Animal de estimação:
- Pássaro
- Peixe
- Gato
- Cão
10 – O tipo de mulher que lhe atrai:
- Charmosa e bem vestida
- Elegante e discreta
- Sedutora e atraente
- Despojada e dinâmica
Resultado: Some a quantidade de letras marcadas.
A – SOFISTICADO
Todos os nuances de amadeirados
B – CLÁSSICO
Fougére, amadeirados e cítricos
C – SEDUTOR
Orientais e fougére.
D – ESPORTIVO
Cítricos
*Teste baseado no Guia de Perfumes Officiel 2009, parte itegrante da revista Officiel edição nº 25, Duetto Editorial, Setembro de 2008.
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Aqui tem mais para os preguiçosos:
Para entender mais sobre perfumaria (tipos de perfumes, fixação, notas de cabeça, coração ou fundo), recomendo o Wikipédia.
Perfumes I - Percorrendo o mundo virtual dos Aromas
Perfumes III - Que tipo de perfume combina com você?Perfumes IV - Anotações no Café
Perfumes V - O Homem do Trem
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Perfumes II – Seguindo Aromas
Estou seguindo um homem perfumado!!!
Eu sabia que essa história de perfume ia render...
Ele nem é meu tipo, mas é a segunda vez que o encontro no mesmo vagão do metrô. Grisalho, “enternado” no padrão brasiliense, uns 1,77m, uns 50 anos, distinto.
Ele passa e deixa um rastro de perfume. E eu, a pessoa mais desligada desse mundo, entretida no meu mundinho mp4, o percebo passar.
Meu nariz reconhece bem duas coisas: café com ou sem açúcar e perfume bom.
Eu sei que conheço esse aroma, só não tenho certeza se é... Aguço o faro e tento me recordar: fundo amadeirado, notas do coração floral e notas de cabeça refrescante.
Hum, perfume de Homem. Isso é muito bom.
Entro no vagão logo atrás, me sento no banco da frente, o único disponível além da vaga ao lado dele. Me sinto ridícula e visualizo a cena: eu, ilustre desconhecida, me virando, com a cara de pau mais lustrada do mundo, e perguntando que perfume é aquele, tentando demonstrar que não estou interessada no usuário.
Faltando uma estação para eu descer, enfim, tomo coragem para perguntar. Antes mesmo de concluir meu tímido “me desculpe, mas o perfume que você usa é o...” percebo que, por baixo dos óculos escuros... Ele está dormindo!
Foi-se a coragem... A voz impessoal informa, o trem chegou ao meu destino. Descemos os dois na mesma estação.
Subimos juntos no mesmo degrau da escada rolante. E aquele perfume estonteante dominando ao redor.
Ao passar pela catraca, estrategicamente passo a andar um passo atrás, no rastro do aroma, pisando em nuvens ao mesmo tempo em que sorrio achando graça dessa cena digna de Sherlock Holmes. “Madeira, âmbar, floral... talvez gengibre?”
Seguimos para a mesma saída. Separarmos-nos em seguida, destinos opostos. Mas já resolvi que na próxima viagem não deixarei a oportunidade escapar, hei de descobrir que perfume é aquele!
Agora entendo minha amiga que dizia que não se importava se o cara era feio e chato desde que ele cheirasse bem. E isso ficou comprovado na pesquisa realizada nesse blog, concluída em 26/11.
Incrível, 47% das mulheres que responderam à enquete se sentem atraídas primeiramente pelo perfume masculino. Enquanto que 50% dos homens são atraídos por seios e bumbum.
Caramba! Se essa enquete estiver correta, vou ter que empinar os seios e o bumbum para ele me notar, e não dormir, na próxima oportunidade...
Índice:
Perfumes I - Percorrendo o mundo virtual dos Aromas
Perfumes III - Que tipo de perfume combina com você?Perfumes IV - Anotações no Café
Perfumes V - O Homem do Trem
Ps: devido ao fato relatado, o teste sobre combinações de perfumes ficou para o próximo post se meu PC não der pau novamente.