Eu ia me enfurnar na chácara da mamãe, na beira do rio, mas usaram meu argumento preferido "Você tem que experimentar isso pelo menos uma vez na vida". Então lá se foi eu e minha amiga Janaína (ela mais animada do que eu, depois eu mais animada do que ela, em seguida ela mais animada de novo) pular o carnaval num bloco de trio elétrico.
Aquele verso de marchinha "Só não vai atrás do trio elétrico quem já morreu" é a mais pura verdade. No nosso bloco tinha cadeirante e uma mulher de aparador com rodinhas. Eles percorriam toda a extensão da corda mais animados do que nós. Era mais perigoso eles nos atropelarem do que qualquer um machucá-los.
Eu com meu pé inchado (literalmente), fiz até amizade com as enfermeiras do posto de plantão no carro de apoio. Ia duas vezes por noite lá aplicar um antiinflamatório em spray. E cada tipo que aparecia na enfermaria... Até agora não entendi porque um rapaz queria tanto enfaixar o braço se não tinha nada nele.
E quando eu não aguentava mais caminhar, era só subir no camarote do trio e apreciar a vista. O local já estava parecendo carro de apoio dos dodóis. Lá em cima conheci uma loirinha com o dedão enfaixado que sem querer jogou cerveja em mim... Ficamos amigas depois.
A estrutura do bloco é muito boa, no carro de apoio tem bar (muitas vezes com bebida mais barata), camarote, enfermaria e banheiros. No meio dos foliões vão os coordenadores do circuito e uma fila de seguranças para manter a ordem e impedir que pessoas que não fazem parte do bloco passem para dentro da corda.
Minha amiga Janaína merece o diploma de Jardineira (para quem não beijou ninguém), apesar do terrorismo da minha irmã, o bloco era muito tranquilo; ninguém saiu correndo, nos cercando e agarrando a força. Haviam muitos casais, mas os solteiros estavam até comportados, era só ignorar as tentativas e tudo seguia tranquilo.
Cansei de procurar a "Dalila" (Ivete Sangalo) e ouvir Janaína dizendo que queria "Beijar na Boca" (Cláudia Leite), os ritz desse carnaval. Já não somos adolescentes, acho que devemos ter cara de senhoras respeitosas (?!!) e entramos na categorias dos não-beijáveis na boca (crianças, velhinhos, bêbados, feios, desdentados, eu e Janaína)...
Criatividade é o que não falta aos foliões, cada um incrementa, recorta e costura seu abadá no modelo que quiser. Tênis ou sandália rasteirinha são o ideal para percorrer dois quilômetros de avenida. Mas legal são os acessórios criativos: perucas coloridas, óculos gigantes, penteados malucos, capacete espaçonal, máscaras etc. Assim se paga mico e ninguém sabe depois quem é.
Não vi brigas de rua e nem consumo de drogas, só um ou outro caindo de vez em quando bêbado e uns ataques de mulheres ciumentas. Mas, todo o circuito foi fechado pela Prefeitura Municipal de Barreiras e as pessoas eram revistados na entrada ou passavam por detector de metais. A Patrulha policial no meio dos foliões também era frequente. Os que não pularam nos blocos, camarotes, sacadas de prédio e arquibancadas, acompanharam os trios da pipoca (sem bloco) que, por sinal, eram os mais animados.
E para terminar a noite e começar bem o dia, acabávamos o circuito num barzinho tomando caldo de qualquer coisa estranha (mocotó, sururu, vaca atolada etc) para depois desmaiar na cama, em casa.
Pular de noite e dormir de dia, isso é a vida por seis dias na Bahia nesta época de folia. E eu admiro aqueles que continuam a bebedeira, durante o dia, nos bares e nas margens do Rio de Ondas.
2 comentários:
Olá! Gosto do espírito do Carnaval, mas não gosto de me mascarar. Carnaval no Brasil é mais vivo, diferente do Carnaval de Portugal. Brasileiro é muito alegre e vibra com Carnaval. Espero que a entorse seja leve. As melhoras do seu pé! beijos e boa semana. Nuno
Ola MK dando ma de axezeira foi otimo rs... mas uma vez na vida outra na morte ate que rola só nao pode viciar rs... ate eu ja fui na micare no bloco da Ivete.
mas ainda bem que sou roqueiro...
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