Eu e Janaína na Bahia. Tem coisas que não me surpreendem mais, mas há outras que conto e as pessoas acham que é piada. E como para minha amiga Janaína tudo aqui é novidade, resolvi calibrar minha capacidade de assombro para contar o que se vê somente aqui na Bahia.
A mensagem é bem clara logo na divisa entre DF e BA: Sorria, você está na Bahia.
Nada de estress, não tenha pressa, leve tudo no bom humor e na alegria. O povo é animado, criativo, alegre, fala alto, bebe muito e faz uns contorcionismos na dança além da nossa capacidade física.
Estou em Barreiras, no oeste do Estado, onde dizem que é o melhor carnaval de interior, onde mora minha família. Por mais que eu venha aqui umas duas ou três vezes por ano, não tinha notado que algumas coisas eram novidades para minha amiga.
Ela quase acreditou que o mendigo louco, sujo e esfarrapado era de verdade, e não um bem humorado professor de psicologia fantasiado. Ela achou engraçado, e um contra-senso, a Polícia Militar andar sisuda, em fila indiana, no meio dos foliões animados, sendo que os cordeiros (os caras que seguram as cordas do blocos) são os trabalhadores que mais se divertem no carnaval.
Ela nunca tinha visto tanta gente numa caminhoneta como a que passou, em frente a um bar badalado, com seis adultos amontoados na cabine. Ela também achou engraçado os rapazes bonitinhos passeando numa piscina improvisada com lona, em cima de uma caminhoneta, usando próteses de dentes tortos (afinal de contas, a finalidade era atrair ou espantar a mulherada?). Mas, deve ser porque ela ainda não viu o famigerado bloco das Negrinhas, onde os homens (assumidos ou não) saem vestidos de mulher.
Ela nunca tinha visto árvore plantada no meio da rua e nem o xampoo e hidratante de quiabo com mandioca para cabelo ruim (isso confesso, nem eu tinha visto). Mas, ficou encantada com os dançarinos bombados em cima do trio elétrico requebrando até o chão, no samba-axé, enquanto a mulherada gritava desvairada como num Clube de Mulheres.
E ficou chocada com a desleal concorrência feminina de barrigueira (microssaias e micro-shorts), pois as vestes sumárias praticamente só escondiam a barriga. Sem contar com a ginga sensual e desleal da mulher baiana. Mulheres do centro-oeste ficam no chinelo.
Mas, tudo isso aí ainda está dentro da normalidade. Até mesmo ir para a chácara e encontrar uma velhinha capengando, bêbada, na estrada. E dois dias depois voltar e encontrar a mesma velhinha, com a mesma roupa, só dois quilômetros mais perto. Talvez estivesse provando a qualidade da cachaça de cada boteco de beira de estrada até chegar em casa, vai saber.
O bom da Bahia, e qualidade do nordeste, é a boa recepção. Onde for, sempre será recebido como um verdadeiro turista. "Ei, bixinha, de onde tu vem?". "Vixi Maria, Nossa Senhora! Seje (sic) bem vinda!".
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